quinta-feira, 24 de julho de 2014

Em Sorocaba, Antônio Carlos Vendramini vive um dia de lembranças

Crédito: Zaramelo Júnior

"Hoje foi um dia emocionante". Essa foi uma frase marcante dita por Antônio Carlos Vendramini, que esteve nesta quarta-feira (23) em Sorocaba. O experiente técnico da equipe de Americana é um dos grandes responsáveis pela maior glória do esporte de Sorocaba, o título mundial de clubes de basquete em 1991, do Constecca/Sedox diante BCN/Piracicaba.  

À beira da quadra pelo lado sorocabano, Vendramini viu Hortência marcar 55 pontos e liderar o time sorocabano ao título. Sua importância para o esporte de Sorocaba é enorme, já que esta conquista é até hoje o maior título esportivo da cidade.

O retorno à Manchester Paulista foi para um amistoso de Americana diante da seleção USA D3, espécie de combinado da terceira divisão da NCAA. O atual campeão da LBF se prepara para o Campeonato Paulista, que deve começar em agosto, mas sem datas e calendário divulgado pela Federação Paulista.

Abaixo você confere a entrevista que fiz com o treinador:

Como está sendo feita a preparação de Americana para a temporada? 

 - Apesar de condenar o calendário porque o espaço do término da LBF para o Campeonato Paulista é muito longo, então as jogadoras ficam por muito tempo inativas, já estamos treinando em dois períodos diariamente. Ainda que não tenhamos as datas do Paulista, nós devemos estar preparados para a competição, então vamos treinando forte. Nossa equipe é composta por excelentes jogadoras, todas muito profissionais. Vamos conforme a exigência, porque sabemos que no Paulista teremos adversários duros e depois o início da LBF, que espero que tenha mais times para ser um torneio mais longo durante o ano.

Houve uma diferença na preparação se o time tivesse jogado o Sul-Americano? 

- Sim, nos teríamos um mês a mais de atividades. Infelizmente não foi possível, então antecipamos nossas férias e não foi nada daquilo que a gente planejou. Mas como temos que seguir as regras, bola para frente. Estamos trabalhando tudo de novo e temos agora a promessa de que estaremos no Sul-Americano.

A indicação de Americana é para compensar a ida do Sport ao torneio? 

- Correto. Como o representante deveria ser o campeão brasileiro, foi o Sport como vencedor da temporada anterior, mas o último campeão sul-americano tinha sido Americana. Enfim... Temos que seguir as regras e fazer mais uma vez um grande Paulista, uma grande LBF, um grande Sul-Americano e seguir lutando pelo basquete de Americana.

Vemos que Americana possui um patrocinador forte que é a Unimed, mas vimos recentemente o falecimento de dois incentivadores do basquete: seo Chico em Ourinhos e Benedito Pagliato em Sorocaba. Faltam investidores ou mecenas e incentivadores no basquete feminino? 

- Faltam sim. Primeiro é uma perda lamentável do Benedito e do seo Chico, isso foi lamentável para o basquete feminino principalmente. Em Americana nós temos um dos melhores, senão o melhor time da América Latina, e mesmo assim temos uma imensa dificuldade de arrumar parceiros. Não existe mais aquele paternalismo do Benedito ou do seo Chico. Hoje mesmo oferecendo contrapartidas, temos muitas dificuldades. Vejo que precisamos ter uma gestão não só de clubes, mas de federações e confederações mais profissionais para que tenhamos acesso aos patrocinadores.

A LBF pode ajudar nisso como o NBB está ajudando no basquete masculino? 

- Acho que a LBF está muito distante do masculino. O Novo Basquete Brasil hoje é uma realidade, a liga feminina ainda é muito dependente da CBB, mas com a entrada da Hortência no comando, eu acredito que a Liga de Basquete Feminino possa chegar em pouco tempo no nível que está o NBB.

Falando em Hortência, o que você mais se lembra de Sorocaba na época que você foi treinador do Constecca/Sedox?

- Hoje foi um dia emocionante. Eu entrei aqui no ginásio que eu não vinha há mais de uma década e me emocionei, fiquei arrepiado. Diversas coisas passaram na cabeça, a torcida, os amigos, as grandes partidas e no fim do jogo o Rinaldo Rodrigues (presidente da Liga Sorocabana de Basquete e organizador dos jogos) nos levou ao vestiário e mostrou uma reportagem da época de uma decisão de Campeonato Brasileiro e nos deixou muito emocionados. Vânia e Vanira Hernandes vieram nos ver, então foi um dia muito especial, em que pude reviver os grandes momentos do basquete de Sorocaba.

Você já declarou que a conquista mundial do Constecca/Sedox foi a mais emocionante da sua carreira. Pode contar mais sobre aquela partida? 

Foi o primeiro campeonato mundial que foi feito no Brasil e sobraram as duas melhores equipes, os times brasileiros, Constecca e BCN. Um jogo de 107 x 105 você já imagina a qualidade da partida, técnica e emocional. E ter saído vencedor foi uma conquista muito marcante que eu jamais vou esquecer na minha vida.

Sorocaba tinha uma rivalidade contra Piracicaba no basquete feminino e ambas faziam parte da base da seleção brasileira que culminou no título mundial em 1994 com o comando do Miguel Ângelo da Luz. Você se sente um pouco responsável por esse título, por ter trabalhado com essas jogadoras? 

Sem dúvida. Sempre entre as 12 jogadoras que representavam o Brasil, pelo menos metade estavam conosco em Sorocaba. Assim como me senti triste nas derrotas e responsável, nas vitórias eu também me considerei um pouco dos responsáveis.  Sou feliz desde aquela época, já atravessei quatro gerações, desde Hortência e Paula, até hoje, e sempre muito feliz. O basquete sempre me proporcionou uma vida muito alegre e feliz para mim e toda minha família.

Para terminar, você foi campeão em diversos times, por último no Paraná antes de tirar um tempo do basquete. Como foi sua volta para o basquete?

Depois de um afastamento de 6, 7 anos das quadras, porque do basquete eu nunca me afastei, recebi um convite do Ricardo Molina. Eu já tinha comentado com minha família, que meus filhos moravam em São Paulo e que deveríamos estar mais perto, e calhou o convite do Molina. Ele me convidou um dia e no dia seguinte eu já estava com a equipe e foi uma volta muito feliz e vencedora. Em dois meses de retorno, já fui campeão paulista e quatro meses depois da LBF. Então foi uma volta feliz e eu estou contente de estar com as meninas dentro da quadra.

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