sábado, 20 de dezembro de 2014

Basquete: vale a pena investir na TV aberta?



Falamos diversas vezes da importância da transmissão do basquete na TV aberta, principalmente na Rede Globo, afinal de contas é a emissora de televisão mais assistida, com média de 13 pontos (um ponto vale por volta de 62 mil TVs ligadas). Mas com o crescimento da televisão por assinatura e de seus canais segmentados, será mesmo que fazer de tudo para ter jogos nos canais abertos é mesmo a saída?

Numa conversa com o comentarista esportivo Álvaro José, ele disse algo muito importante: a segmentação da TV é algo mundial e que deve fazer muita coisa migrar para os canais por assinatura. “Nos EUA, a TNT já teve pouca audiência, hoje tem um alcance de 200 milhões de pessoas (2/3 da população), quase uma TV aberta”, disse. A conversa completa publicarei em breve.

A TV como conhecemos precisa e vai mudar mudar porque perde audiência a cada dia para a canais por assinatura, internet, serviços on demand como Netflix, videogames e os canais pequenos.

Inclusive a internet é de grande potencial, já que o League Pass das ligas americanas fazem muito sucesso e o Brasil já é o quinto consumidor do serviço da NBA por internet. As possibilidades da internet já são exploradas pela LNB, já que nesta edição do NBB vemos ao menos dois jogos por semana no site da liga. É pouco, mas é um começo. 

Em compensação a queda dos canais abertos, a TV por assinatura cresce a cada ano, atingindo já as 19 milhões de assinaturas (estima-se 23 milhões, sendo 4 milhões de sinais piratas), muitas com preços promocionais, pontos adicionais em HD, combos com internet e tudo mais. Aliás, o serviço de TV é um dos únicos no país com liberdade de escolha entre as operadoras, por mais que os canais basicamente sempre sejam os mesmos.

Só para se ter uma ideia, se somarmos os canais pequenos e a TV por assinatura (denominados OCN), já temos o segundo canal mais assistido, à frente de Record e SBT que lutam pelo vice no ranking de audiência com média de 5 pontos. E durante o horário eleitoral, por exemplo, os OCNs chegaram a 23 pontos em São Paulo e apenas para lembrar, a média da Globo, como colocado no primeiro parágrafo é de 13, mas em 2006 era quase o dobro. 

“Se temos 19 milhões de assinatura, multiplicamos pela metodologia do Ibope (3,2), temos mais de 60 milhões de pessoas que podemos alcançar hoje”, explicou Álvaro José. Já temos quase 1/3 da população brasileira com acesso aos canais pagos, mas já 40% no sudeste brasileiro.

Nisso, os segmentos de TV por assinatura e internet banda larga seguem descendo no Brasil. Segundo a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), 2014 já registrou 2 milhões de novos assinantes de TV e mais 1,1 milhão de novos contratos de banda larga.


Números nem sempre dizem tudo


Crédito: Arthur Marega Filho
Claro que 23 pontos durante o horário eleitoral, divididos em uma centena de canais, não representa muito. Mas a TV paga já molda muita coisa nos canais abertos, como a programação infantil. Dos dez canais mais vistos, quatro eram infantis, explicando porque quase não vemos mais desenhos nos canais abertos.

Um dos canais é esportivo, exatamente o Sportv, que deve em breve passar a transmitir, além do NBB, também a NBA junto de Space, ESPN e Sports+.

Mas para lembrar os números do NBB na Rede Globo: a final do NBB 5 registrou 5,4 pontos (mais ou menos 334 mil TVs), do NBB 6 registrou 4,8 (mais ou menos 297 mil TVs), ambos disputados em um sábado, às 10h da manhã. Nos dois casos houve disputa quase igual com o Esporte Fantástico da Record e com o Sábado Animado do SBT.

Não são índices ruins para a atualidade da TV aberta, mas também não garanto que ceder duas horas na manhã de sábado farão uma grande alavanca para o basquete nacional. Isso sem falar do basquete feminino, de tantos jogos na TV Bandeirantes nos anos 90, outros tempos...

Mesmo que só tenhamos 1/3 do Brasil com TV por assinatura e com a concorrência do futebol na TV aberta (basta lembrar que basicamente F-1, Indy e UFC apenas quebram isso e o vôlei esporadicamente), a TV por assinatura realmente pode ser a saída.   

Uma das ideias aproveitar o potencial da TV por assinatura é a fidelização do espectador com o NBB. Os horários dos jogos variaram muito nessas sete edições do campeonato, já foram domingo de manhã, sexta-feira, terça-feira, quinta-feira à noite, sábado no horário do almoço e até às 22h.

Para essa temporada, foram extintos os jogos de fim de semana para que o canal Sportv transmita dois por semana, um na terça-feira e outro na sexta-feira, ambos mais ou menos no mesmo horário, entre 19h e 20h, criando ali um horário fixo para o NBB.


Na NBA, por exemplo, os horários de ESPN e Space são fixos, variando apenas se temos ou não horário de verão. Aliás, o Space andou abocanhando a liderança de segmento de homens entre 24 e 49 anos na TV paga e sabemos que agora as duas ligas, NBA e LNB são parceiras.

Talvez não estejamos entendendo o período que a TV aberta passa, sua transformação por todos aqueles motivos que já citei, mas o crescimento da TV por assinatura é algo que não tem mais volta e também aposto nela. 

O próprio futebol tem perdido público nos canais abertos com audiências cada vez menores, também resultado da perda geral de público das emissoras abertas.

De fato, com o crescimento da TV por assinatura e também dos canais esportivos (já são 12) e a maior segmentação de programação deve dar um novo panorama para a transmissão esportiva no país. 

E como nos Estados Unidos, logo poderemos ter emissoras fechadas pagando caro por direitos televisivos que não sejam de futebol, local em que outros esportes até conseguem espaço.

Para encerrar deixo uma pergunta: é melhor ter muita atenção de um canal pago com bom alcance e investimento em algo que cresce, ou ser exibido uma vez ou outra na TV aberta, só por exibir? Não devemos ignorar ou desdenhar do poder da TV aberta e de seu alcance, mas os tempos estão mudando. 

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